Corpo Habitado
A DANÇA como um lugar de Abertura e Inclusão
O conceito de corpo-casa permite uma aproximação mais sensível e inclusiva à dança, rompendo com a visão tradicional que restringe essa arte a corpos normativos.
Ao abrir espaço para corpos diversos, com diferentes capacidades e singularidades, a dança torna-se um lugar de encontro e diálogo, onde todos os corpos são reconhecidos e valorizados.
Esse reconhecimento do corpo como uma casa habitada não só fortalece a autoexpressão e identidade dos participantes, como também desafia o público a desconstruir preconceitos e a abrir-se para novas narrativas corporais.

Conceito CORPO HABITADO
O corpo habitado é aquele que se reconhece como sujeito da sua própria dança, que comunica com o público e com os outros corpos, que se deixa afetar pelas sensações e emoções que emergem da experiência coreográfica.
A dança pode ser experiênciada por diferentes tipos de corpos, com diferentes capacidades, limitações e singularidades. No entanto, a dança é vista, muitas vezes, como um domínio exclusivo de corpos normativos e não de corpos não normativos. Destina-se, muitas vezes, para corpos que se enquadram nos padrões estéticos, funcionais e sociais dominantes.
Mas será que dança é também dança quando dançada por corpos não normativos? O que acontece quando os corpos, que fogem desses padrões, têm a coragem de se aventurarem a dançar? Como são vistos esses corpos não normativos quando desafiam as normas impostas pela sociedade e pela normalidade do estereótipo do bailarino? Como poderão os corpos não normativos comunicar com corpos normativos e dialogar? Como esses corpos podem criar possibilidades de movimento, expressão e comunicação? Será que o público está preparado para receber essa comunicação?
Pretende-se responder a estas inquietações sobre o corpo que habito e que é habitado sendo ele um corpo normativo ou não normativo, e como a dança pode explorar as possibilidades de expressão e comunicação de diferentes corporeidades, desafiando os padrões estéticos e sociais que limitam a diversidade humana.



A Casa Comum
A composição coreográfica sobre o corpo habitado não visa encontrar verdades ou regras fixas, mas sim criar possibilidades estéticas e poéticas a partir da percepção/consciência do movimento, de ferramentas técnicas de dança, intuição e da intencionalidade que se coloca em cada movimento-linguagem.
O conceito de corpo habitado nasce da visão do corpo como uma casa habitada, um lugar onde cada um habita e se expressa de forma única e irrepetível.
Este corpo habitado é um corpo que se reconhece como ser, mas que também faz parte de outra grande casa que é a Casa Comum (Mundo) e que vive em profunda relação com o plano físico, o plano simbólico e imaginário, com o interior e exterior, com o individual e coletivo.


O Culminar das Artes
O corpo habitado é um corpo repleto de estórias, memórias, emoções e fantasias, igual a todos os corpos habitados, sejam eles normativos ou não normativos. O projeto Corpo Habitado baseia-se numa pesquisa teórica e prática sobre os conceitos de corpo habitado, corpo normativo e não normativo. Terá subjacente um processo de coconstrução e envolvimento ativo de todos os participantes.
Pretende-se criar narrativas imagéticas que dialoguem com as experiências de movimento e imobilidade dos participantes do projeto. É o nosso propósito este confronto e questionamento para proporcionar momentos de diálogo de corpos diferentes, repletos de narrativas, verdadeiramente vivos e habitados, para sistematização de uma proposta metodológica e criação de uma vídeodança que tem por base a dança e que se funde com a música, teatro, artes plásticas e mídia, neste cruzamento de linguagens que se complementam.